HISTORIAS E SONHOS

HISTÓRIAS E SONHOS

Quando a impressão deste livro ia já pela metade, ocorreu o falecimento de Prudêncio Cotejipe Milanês, a quem é ele dedicado. Milanês foi meu chefe de seção na Secretaria da Guerra; mais do que isso, porém, foi um meu amigo bondoso e paternal.

Não fora ele e alguns outros companheiros, não me lembraria mais de que havia passado pelas catacumbas do Quartel General, onde se guardam, com o máximo cuidado, nos seus ataúdes, adornados de belos dourados e pinturas, tantas múmias que nem hieróglifos enigmáticos possuem nos seus caixões mortuários, a fim de permitir ao curioso, com esforço e sagacidade, decifrar-lhes os nomes, o que foram e o que fizeram de útil e grande na vida.


Milanês morreu, como já foi dito; e a dedicatória devia ser em outros termos: à memória, etc., etc., etc. Tem de ficar como está, fazendo crer ao desprevenido que ele ainda é deste mundo. Não havia inconveniente algum nisso, pois, para mim, talvez seja essa a forma exata e justa de homenagear o meu generoso amigo, tanto ele é vivo na minha saudade e na minha gratidão. Era preciso, entretanto, explicar isto ao leitor; e é O que estas breves linhas pretendem.

Rio, 8 de dezembro de 1920 L.B.